Embora muita gente pense que antidepressivo serve só para tristeza ou depressão, alguns desses medicamentos têm uma ação direta sobre os caminhos da dor no nosso corpo. E essa ação independe do humor.
Como os antidepressivos agem na dor crônica?
No nosso cérebro e medula, temos um sistema natural de controle da dor, que funciona como uma central de “freio” (via inibitória descendente). Esse sistema usa substâncias como serotonina e noradrenalina para enviar sinais que diminuem a dor.
Quando essa rede está enfraquecida ou funcionalmente alterada — como acontece na dor crônica —, a dor fica mais “livre”, mais fácil de ser sentida e mais difícil de controlar.
Os antidepressivos que usamos para dor, que não são todos os antidepressivos (como amitriptilina, nortriptilina, duloxetina ou venlafaxina), não tratam só o humor. Eles aumentam os níveis dessas substâncias que freiam a dor. Assim, ajudam o cérebro a recuperar o controle sobre os sinais dolorosos que vêm do corpo.
Uma metáfora para entender melhor
É como se o seu corpo tivesse um alarme de dor muito sensível, que dispara o tempo todo.
O antidepressivo não “desliga” o alarme, mas ajuda a regular a sensibilidade, para que ele só toque quando realmente for necessário.
Ou seja, ele não tira a dor completamente, mas ajuda a diminuir a intensidade, a frequência e o impacto da dor no seu dia a dia.
Pontos importantes sobre o uso de antidepressivos na dor
- Não vicia.
- Não muda sua personalidade.
- A dose para dor costuma ser bem mais baixa do que a usada para depressão.
- Começa a fazer efeito após algumas semanas.
- É uma ferramenta a mais — não substitui outros cuidados que também vamos seguir.